Correria no
Planalto. A série de declarações desencontradas e infelizes, numa clara
articulação dos interesses do
agronegócio, elevaram a temperatura e
deixaram aranhões fortes na imagem do país e do governo. Tudo isso agravado
pela ação truculenta da polícia federal contra os Terena em Buriti, município
de Sidrolandia, no Mato Grosso do Sul. Essa ação culminou com o assassinato de
Oziel Gabriel, guerreiro Terena, e mais de uma dezena de indígenas feridos. Fato semelhante ocorrera com ataque aos
Munduruku, no final do ano passado. “A
questão indígena é uma questão de Estado”
e como tal a devemos trata-la, declarou
o ministro da Justiça. Depoi
s de reunião com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e da Advocacia Geral da União (AGU), declarou “A nossa idéia é estarmos juntos o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Justiça, para que possamos debater o problema” (Correio Brasiliense 4-06-13). Depois se mandou para o Mato Grosso do Sul para dialogar com as lideranças indígenas para evitar novas violências.
No Paraná e
Rio Grande do Sul houve ocupação da sede do PT, em Curitiba, e fechamento de
estradas no Rio Grande do Sul
O motivo das
manifestações são as recentes declarações da presidente da República e da Ministra Gleisi Hoffmann, propondo a
mudanças na demarcação das terras indígenas e a suspensão dos processos de
demarcação, velha pauta dos ruralistas. Gleisi foi correndo à CNBB para uma
conversa com o Secretário Geral, para pedir que ele “acalme”o Cimi.
Conforme as manifestações da presidente
Dilma "A ideia é baixar um decreto ampliando o colegiado responsável por
bater o martelo sobre as demarcações, incluindo nesse fórum, por exemplo, a
Embrapa, o INCRA e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. No diagnóstico do
governo, a FUNAI não tem preparo técnico para decidir
sozinha sobre as demarcações nem para administrar conflitos e conduzir
negociações com fazendeiros. Estadão, 4-06-13)
Seria ressuscitar o famigerado "grupão",
criado na década de 80, com a participação de órgãos de segurança e das forças
armadas, que na prática significou a quase total paralisação das demarcações de
terras indígenas.
Os Mundurucu em Brasília
O Ministro
Gilberto Carvalho recebeu 140 indígenas, que vieram do canteiro de obras de Belo
Monte, para amplificarem seu não às hidrelétricas. Leram e entregaram uma carta
ao Ministro onde deixam claro que nada os demoverão de sua postura contrária às
hidrelétricas na sua região. Dão as razões de sua postura e, diante da
prepotência da atuação do governo e apesar de tudo se dispõem a ensinar como
poderiam agir sem a estúpida agressão ao meio ambiente e à vida.
A delegação
indígena permanece no Centro do Formação Vicente Canhas, até definirem os
próximos passos da luta que os trouxe a Brasília.
Comissão Especial Guarani
Nesta Semana
também esteve reunida nos dias 3 e 4 a Comissão Especial Guarani criada no
âmbito da Secretaria de Direitos Humanos, em 2012. Da Comissão participam
representantes de diversos órgãos do governo, que tem ações junto aos povos
indígenas, representantes Guarani e de organismos da sociedade civil. Com o
objetivo de elaborar propostas de atuação do governo que possibilitem a
garantia dos direitos do povo Guarani, especialmente com relação a seus
territórios, o encontro se deu encima do forte impacto da violências e morte de
Oziel Terena, no Mato Grosso do Sul. Diante desse fato a Comissão Especial
Guarani aprovou o encaminhamento de um
pedido ao Ministro da Justiça para que a polícia federal não usasse armas
letais em eventuais atuações envolvendo povos indígenas.
Com isso o grupo queria manifestar sua
estupefação e indignação diante da ação violenta contra os indígenas e o
desrespeito à Constituição no que diz respeito à demarcação e garantia dos
direitos territoriais desses povos e a falta de diálogo no encaminhamento de
ações que dizem respeito aos direitos indígenas.
Povo
Munduruku, guerreiros da vida, 6 de junho de 2013
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