A Anistia Internacional vem acompanhando
com preocupação a realidade dos povos indígenas no Brasil e particularmente no
Mato Grosso do Sul. Foi no intuito de ver e sentir a atual situação desses
povos que uma delegação coordenada por Salil Shetty. Estiveram no acampamento
da Teko'á wirixa (Xamã) Damiana, próximo a Dourados, na beira da BR 463.
Uma "mancha de vergonha", conforme
expressou o representante da Anistia. Ali onde a cana e a soja se encontram,
onde casebres Kaiowá Guarani estão espremidos entre a cerca e o asfalto, talvez
seja a mais contundente imagem da discriminação, racismo e genocídio em curso contra
comunidades desse povo.
A alta velocidade com que os veículos passam no
local, sem nenhuma sinalização, fazendo frequentes vítimas, manchando de sangue
asfalto e terra, é mais um trágico símbolo da violência estrutural ali
implantada. Somente neste acampamento ocorrem a morte de 5 pessoas da mesma
família, por atropelamento.
A delegação acompanhada de várias
lideranças indígenas da região e aliados, foi também, em silenciosa indignação,
prestar sua homenagem às vítimas, especialmente crianças, mortas nos últimos
anos, sem que até hoje nada tenha sido feito para punir responsáveis ou evitar
a continuidade da tragédia. As cruzes na beira de um riacho, num resto de mata,
tem que ser colocadas e visitadas à escondida, pois os donos do agronegócio na
região querem impedir a todo custo o sepultamento das vítimas neste local. E narra a Xamã Damiana que viu o corpo
de sua tia, ser arrancado por uma escavadeira a mando dos mesmo.
Não é apenas mais uma delegação a constatar a
violência, contra os direitos humanos e étnicos de uma comunidade Kaiowá
Guarani, é mais um grito de alerta internacional contra as "manchas de
vergonha" espalhadas pelo Mato
Grosso do Sul.
Dia Mundial dos Povos Indígenas
Por ocasião do dia mundial dos povos indígenas
instituído pela ONU em dezembro de 1994, houve inúmeras manifestações,
denúncias e protestos pelo mundo afora.
A Coordenação Andina dos Povos Indígenas (CAOI) divulgou uma carta na qual chamam
atenção dos Estados nacionais e sociedade sobre o continuado desrespeito dos
direitos dos povos indígenas, apesar de serem signatários de várias leis,
normas e convenções que garantem o direito desses povos especialmente a seus
território e recursos naturais, liberdade e paz.
Concluem se pronunciando "contra a
perseguição judicial e todas as demais formas de criminalização do movimento
indígena de Abya Yala como estratégia de intimidação aos líderes indígenas e contra a liberdade de expressão e direito de
protestar que os povos originários temos tido como única estratégia de visibilizarão
de nossos direitos".
protestando contra a violação de seus
direitos, entregando documento em várias repartições públicas. No documento
denunciam as diversas ações em curso
contra os direitos indígenas nos três poderes. Concluem conclamando
"O Estado de Roraima deve aprender
e trabalhar com a realidade local e adequar o plano de desenvolvimento a partir
dos direitos indígenas. Com nossa Marcha no dia
Internacional dos Povos Indígenas, chamamos atenção das nossas
autoridades públicas para a grave situação dos direitos dos povos indígenas em
Roraima para reverter esse quadro negativo, pela Justiça e Dignidade."
Mesa de diálogo ou de enrolação
Frustração. Esse foi novamente o sentimento
entre os mais de 40 mil Kaiowa e Guarani no Mato Grosso do Sul. O governo,
através de seus ministros havia prometido uma solução definitiva para a grave
situação das terras indígenas desse povo e dos Terena. A reunião que deveria definir a proposta foi protelada
do dia 5 para o dia 7, sem qualquer proposta concreta de solução, além de uma
saída de duvidosa execução, para a Terra Indígena Buriti, onde foi assassinado
pela polícia a liderança Terena Oziel.
Os Kaiowá Guarani honraram sua palavra e não
retornaram a nenhum território tradicional, originário, neste período. Já o
governo, através da "mesa de diálogo" apenas gerou mais uma profunda
decepção e total descrédito quanto às soluções infinitamente adiadas.
Com nosso grande profeta e poeta D. Pedro nos
colocamos na sintonia da esperarnça e tranformação
Oração da causa indígena
Pai-Mãe da Terra e da Vida,
Deus Tupã de nossos pais e mães,
Venerado nas selvas e nos rios,
No silêncio da lua e no grito do sol:
Pai-Mãe da Terra e da Vida,
Deus Tupã de nossos pais e mães,
Venerado nas selvas e nos rios,
No silêncio da lua e no grito do sol:
Pelos altares e
pelas vidas destruídas
Em teu nome,
profanado,
Nesta nossa Abia
Yala colonizada,
Te pedimos que
fortaleças
A luta e a
esperança dos povos indígenas
Na reconquista
de suas terras,
Na vivência da
prória cultura,
Na fruição da
autonomia livre.
E dá-nos (a nós
neocolonizaores)
Para
respeitarmaos esses povos-raiz
E para comungar
com eles em plural Eucaristia
Awere, Amém,
Aleluia
(Dom Pedro
Casaldáliga)
Pelos altares e pelas vidas
destruídas
Egon
Heck
Povo
Guarani Grande Povo
Cimi,
Brasília, 11 de agosto de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário