Carlos Mesters partilhou com os missionários do Cimi importantes passagens da Bíblia que animam a
vida e compromisso dos missionários junto aos povos indígenas. A expectativa
dos participantes é de que esse fosse um momento de renovar os sonhos e
realimentar a utopia, na resistência dos povos indígenas. Tempo de reanimar,
juntar forças, regar as sementes e alimentar nossas esperanças.
Foi destacado a
importância da Bíblia na vida, na partilha a partir do momento que cada
um está vivendo e da conjuntura de conflito e luta em que nos movemos em nossa
solidariedade com os povos indígenas. Esses povos vivem em imenso cativeiro há
mais de 500 anos. Desintegração cultura, destruição da natureza, roubo das
riquezas e sabedoria, são partes desse
cativeiro. Solidários com esses povos,
animados e iluminados pelos povos e pela
Bíblia, se procura romper os grilhões do cativeiro. " A pior coisa
que pode acontecer a um povo é perder sua memória. Perdendo a memória perde a
identidade" afirmou Mesters.
Em vários momentos foi ressaltado a importância da
espiritualidade que brota do chão do conflito, alimenta a fé e o exemplo de
Jesus de Nazaré, que se dá na ternura, no diálogo, no encontro e na
consciência.
Mais de 80 missionários que trabalham junto aos povos indígenas em todo o país, se
alimentaram desses dois dias de reflexão, silêncio e celebração. Partilhamos
vidas e esperança, dores e sonhos,
caminhos e lutas. Do cativeiro à
libertação, uma importante releitura da Bíblia, da natureza até o ponto de
chegada em Jesus "Jesus refaz o relacionamento humano na
base, na "Casa";Recupera a dimensão sagrada e festiva da Casa;Reconstrói
a vida comunitária nos povoados da Galiléia; Cuida dos doentes e acolhe os
excluídos; Recupera igualdade homem e mulher; Vai ao encontro das pessoas; Supera
as barreiras de gênero, religião, raça e classe'

Ficaram muitas perguntas que nos irão acompanhar e animar a
continuidade de nossa missão: "Qual a falsa imagem de Deus que hoje está por detrás do
sistema neoliberal e da lenta e progressiva secularização da vida dos últimos
duzentos anos? Qual a imagem de Deus que estava por de trás da leitura errada
da Bíblia legitimando a depredação da natureza? Qual a imagem de Deus que está
por de trás do progresso da ciência? Muitos cientistas se dizem ateus. Talvez
tenham razão, pois o Deus que eles dizem não existir de fato não existe.
Saramago que se dizia ateu disse esta frase: "Deus é o silêncio do
Universo; o ser humano é o grito que tenta interpretar o silêncio".
Temos muito que aprender
e recuperar na nossa caminhada solidária junto aos povos indígenas: "Temos que
recuperar a criatividade e a capacidade de admirar. Nesse ponto, o povo da
Bíblia dá lição em todos nós. Apesar
de todas as suas limitações, eles souberam ler o Livro da vida. Souberam
descobrir e cantar a beleza do Universo que revela o amor de Deus e a grandeza
do Criador. Souberam verbalizar, partilhar e transmitir suas descobertas,
enriquecendo as gerações seguintes. Os salmos são um dos exemplos mais bonitos.
Vamos construindo uma
nova pastoral onde a gratuidade da
presença amorosa e universal de Deus torna-se
presente e conduz, destacando alguns aspectos como "a ternura, o diálogo, o
encontro e a consciência crítica"
Foram dois dias em que a maneira sabia e
alegre da contribuição de Mesters, incorporando as reflexões sobre os povos
indígenas e as lutas e desafios do Cimi, nas recentes e motivadoras palavras do papa Francisco, nos
deram muito animo e a certeza de nosso compromisso junto aos povos indígenas.
Egon Heck
Cimi
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