O que move
povos tão distintos como os Aymara e Quechua dos Andes do Chile e Bolivia a se
encontrar com os guerreiros Xavantes ou os resistente Kayowá, Guarani ou Pay do Paraguai
Talvez só o sonho e o compromisso com os povos
indígenas das Irmãs Lauritas, as irmãs dos índios, e a intensa busca de união e harmonia dos
povos
indígenas nesses quatro países foram
construindo esse encontro
continental de espiritualidade indígena,
em consonância com os encontros continentais de Teologia India e outras
iniciativas que buscam o intercambio e reflexão dessa temática.
O que ficou
evidenciado nesses dois primeiros dias do encontro é a centralidade que tem a
espiritualidade nos processos de resistência e luta dos povos indígenas por
seus direitos, particularmente pelos seus territórios. Daí decorre uma espécie de espiritualidade da terra, da
mãe terra, da Pacha Mama. Um momento
importante é de harmonizar e trazer
aqueles que já partiram para a celebração. Os espíritos dos antepassados se
fazem presente nos rituais.
Essa
harmonia e integração com a natureza, a comunidade, os parentes, ficou
ressaltada nos rituais e exposições da delegação andina. A religiosidade e espiritualidade, após mais
de 500 anos de intensa relação com outras religiões, especialmente as cristãs,
construíram uma espiritualidade muito própria, nas raízes profundas de suas
espiritualidades com elementos do cristianismo.
A
espiritualidade guerreira dos Xavante ecoou forte. Quirino fez questão de
ressaltar “Somos um povo guerreiro, mas somos alegres”. Essa alegria e energia
não é apenas ressaltada nos corpos robustos cobertos de urucum mas também nos
rituais e danças de expressão forte, ritmada.
O ritual da
cura, com uma complexa interação com o universo e com Deus, foi detalhada por
Quirino e lideranças desse povo.
O que mais
está marcando o encontro é a interação, o intercambio, a celebração da vida na
pluralidade de rituais e simbolismos.
Uma das
manifestações importantes foi o desejo de construir e reconstruir caminhos e
formas de solidariedade entre os povos como tem acontecido com frequência nas
lutas das décadas de 70 e 80. Foi
expresso pelos Xavante seu desejo de apoiar concretamente a luta dos parentes
Kaiowá Guarani e Terena.
Para melhor
compreensão todas as intervenções e colocações são feitas em três línguas –
português, espanhol e guarani.
Mais do que
belas palavras, frases de efeito, raciocínios lógicos, o que se vivenciou
nesses dois dias foram intensos rituais e manifestações religiosas na pluralidade
originária deste continente, a partir da força que vem de dentro.
Egon Heck e
Laila Menezes
Secretariado
Cimi
Campo
Grande, 13 de maio 2014
Na memória
dos lutadores e guerreiros, Dom Moreira e Dom Tomás e todos os que deram sua
vida nesta causa
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