
Na análise de conjuntura
ficou evidenciado uma atuação nefasta da Sesai que está promovendo a
divisão em muitas comunidades provocando tensionamentos e fracionamento das
aldeias, buscando afastar aliados, como o Cimi. A Sesai está exercendo o papel
que fazia a Funai no período da ditadura.
A crescente judicialização dos
processos de regularização das terras indígenas
dificulta ainda mais os processos de demarcação configurando um quadro
paralisante com relação a esse direito sagrado dos povos indígenas.
Foi visto com muita preocupação o crescente número de índios
presos e criminalizados, bem como a atuação da polícia federal, na repressão a
índios.
A fome mata
Mais uma vez a
situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, em especial dos Kaiowá
Guarani, ficou evidenciada pela gravidade da realidade encontrada na maioria
das aldeias e acampamentos. Na visita de membros do Cimi a um acampamento,
estranhando o continuado choro de uma
criança, foi perguntado sobre a razão de
tão persistente choro. A resposta foi
imediata e contumaz –“desde ontem ela não come pois não temos alimentos”; A
isso foi acrescentado o fato de ter havido morte de crianças por fome. Essa
realidade, que não é isolada, exige uma campanha imediata e emergencial para
que não sejamos surpreendidos com mais
óbitos por esta razão.
Indígenas deste povo já estiveram dezenas de vezes em Brasília
exigindo providencia com relação à demarcação das terras. Em nada se avança
neste direito fundamental, sem o qual as situações de fome, morte e violências
tendem a se agravar.
Resistência
e desafios
No encontro foi destacado a importância da articulação dos
povos indígenas e aliados em nível do continente e em instâncias mundiais,
levando a realidade dos povos indígenas do Brasil para instâncias como a ONU (Organização
das Nações Unidas), OEA(Organização dos Estados americanos)e OIT (Organização
Internacional do Trabalho), pois infelizmente se percebe que a efetiva
realidade e desafios dos povos indignas do Brasil não chegam a essas
instâncias.
A resistência histórica e atual dos povos originários é
surpreendente. Nos últimos anos vem fazendo um enfrentamento permanente contra
seus inimigos históricos, articulados no latifúndio e no agronegócio. Além
disso, tem se mobilizado para evitar retrocessos com relação a seus direitos
constitucionais. Para o próximo ano, com o avanço das forças conservadoras e
reacionárias, os desafios e embates prometem ser ainda mais duros.
O possível cenário mais adverso exigirá, além de maior união dos povos, um maior número de aliados e
apoiadores desta causa.
O Cimi continuará seu compromisso e apoio incondicional aos
povos indígenas e seus direitos, na
certeza de que juntamente com os povos tradicionais e oprimidos desse país
poderemos avançar na conquista dos direitos e aprofundamento da democracia, na
perspectiva do Bem Viver .
Egon Heck
Cimi Secretariado
Brasília, 7 de novembro de 2014
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