
No Mato Grosso do Sul o agronegócio já definiu suas
estratégias na relação com os povos indígenas e seus territórios. A primeira
atitude é a garantia legal através do
pedido de interdito proibitório. Em caso
de qualquer tentativa de indígena de retorno a seus territórios, em
processo de retomada, ação de rechaço imediato, através de pistoleiros,
capangas ou milícias particulares. Alegam que essa ação e mais eficaz, pois
ações judiciais são muito demoradas.
Agir de forma articulada com os fazendeiros e produtores rurais da
região. Imediato pedido de reintegração de posse, caso a situação não seja
resolvido pela ação imediata. É a política indigenista ruralista se
materializando.
Plantando
cruzes
Aos povos indígenas do Estado, onde menos terras indígenas
proporcionalmente se demarcou até agora, só restou enfrenar a mais dura
situação de guerra permanente, buscando seus direitos com suas próprias pernas
e mãos, retornando aos territórios tradicionais, enfrentando inimigos
fortemente armados, mesmo que derramando
sangue e plantando cruzes de resistência e esperança.
O
que qualquer cidadão do país e do
planeta terra se perguntam são as razões de tanta brutalidade, barbárie e
violência, diante de inúmeros prazos
legais descumpridos, em galopante
impunidade e ineficácia do governo, que tem por obrigação constitucional
demarcar os territórios indígenas e
proteger os direitos e a vida desses povos.
Como matam
Colocando veneno em nossas mesas, na terra, nas águas e no
ar,
Avançando ferozmente sobre as poucas florestas que restam,
Com a lei, apesar da lei ou contra a lei fazem suas potentes
máquinas avançarem,
Com a disponibilização de enormes verbas federais
Com violência contra as resistências, das populações tradicionais, indígenas, sem
terra,
Através das armas na contratação de pistoleiros, milícias
particulares
Certeza da impunidade,
Com apoio de políticos e poder econômico regional,
Como
resistem os povos indígenas
Com a sabedoria e paciência histórica,
Com profunda espiritualidade e rituais (Jeroki Guasu...)
Com a valorização dos lideres religiosos – nhanderu (para os
Guarani Kaiowá)
Com fortalecimento da união e apoio mútuo,
Definição de suas estratégias nas grandes Assembleias, Aty
Guasu
Denunciando as violências e negação dos direitos em nível
regional, nacional e internacional
Construindo alianças com outros povos indígenas e setores da
sociedade
Cobrando do Estado brasileiro o cumprimento da Constituição
Retornando a seus territórios tradicionais,
Exigindo políticas públicas coerentes e eficazes
Egon Heck
Cimi – secretariado
Brasilia, Dia Mundial dos Direitos Humanos
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