Como seria
possível que algumas dúzias de indígenas com apoio de alguns aliados pudessem
impedir a aprovação desse projeto de emenda constitucional, genocida? Isso numa comissão e num Congresso em que os
interesses anti-indígenas tem ampla maioria.
Nailton,
Pataxó Hã-Hã-Hai, aguerrida liderança na
luta pelos direitos de seu povo, na recuperação do território e na conquista
dos direitos indígenas na Constituição de 1988, Exclama: Em nossas vidas
devemos ter firmeza dos rituais e a eles
dedicar 50 por cento de nosso tempo e os outros 50 por cento dividir com as
outras atividades. Com essa fala animou
seus parentes que permaneceram firmes
nos rituais diante da portaria da Câmara compactamente tomada por militares e seguranças. Entusiasmou os guerreiros que foram barrados, vergonhosamente, em cenas piores do
que no período da ditadura militar/civil.

Fortes
chuvas, raios e trovões estrondaram nos céus de Brasília, enquanto os indígenas
continuaram em ritual, durante 12 horas seguidas. Cinco lideranças da mobilização
indígena foram presos, acusados de tentativa de assassinato de policiais. Tudo
foi desmascarados e poucos dias depois foram libertados.
Não existem
dúvidas que só povos com tamanha sabedoria e espiritualidade podem fazer frente
e vencer forças tão poderosas. Um
possível cenário aponta para a continuidade dessa luta, com a constituição de
nova comissão especial, produção e votação de um novo relatório desta PEC e de
outras
Katia Agronegócio Breu
A Ministra do
agronegócio assumiu. Logo vieram novas
pérolas envoltas em cinismo, prepotência e ignorância sobre os povos indígenas
e sua história de resistência, seus territórios e seus direitos.
Ao afirmar
que não mais existem latifúndios no
Brasil, a ministra da Agricultura só faltou repetir um velho jargão da ditadura
“os índios são latifundiários”. E afirmar de que eles estão deixando seus
territórios sagrados para irem ocupar os espaços da produção não é apenas um
caso de má fé ou ignorância, mas é a explicitação da intenção do agronegócio em restringir ou
até acabar com os direitos indígenas a seus territórios coletivos com o
beneplácito do governo.
Os caminhos
das manifestações dos povos indígenas em Brasilia certamente ganhou mais
endereços: Ministério da Agricultura, Ministério de Minas e Energia, dente
outros.
Ano de solidariedade com os povos
indígenas e a mãe terra

Na manifesta
solidariedade aos povos indígenas do Brasil, vale destacar as palavras de
Boaventura de Souza Santos em carta às autoridades brasileiras: “podemos estar
perante um verdadeiro atentado contra a humanidade. Explico-me. Autoridades brasileiras estão diante de uma decisão que pode abalar
definitivamente a garantia dos direitos dos povos indígenas no país...).A PEC
215/2000 é um golpe frontal e impiedoso às vidas dos povos indígenas...”
Os povos indígenas
no Brasil certamente terão, juntamente com outros setores e os povos tradicionais,
duros embates com os interesses manifestos do governo e do Congresso. Será um
ano de permanentes rituais e mobilizações.
Egon Heck e
Laila Menezes
Secretariado
nacional do Cimi
Brasília, 10
de janeiro de 2015
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