Apesar da
desintruzão da Terra Indígena Awa, no início do ano passado, continua a pressão
de políticos, fazendeiros e madeireiros. Como exemplo citaram a estrada de
Paragominas(PA) que vai até Zé Doca no Maranhão e que atravessa a terra
indígena. Essa situação requer uma vigilância permanente, para impedir
novamente invasões.
Existe muita pressão de reinvasão especialmente na região
do igarapé Mão de Onça, onde vivem vários grupos de índios isolados. Há pouco
tempo foi vista uma família de isolados
próximo à aldeia Juriti.
Figura 1. Foto:
Cimi-MA: Comissão Awa e membros do CNE. Junho de 2015
Três lideranças do povo Awa do Maranhão estão em Brasília
para falar das ameaças de reinvasão e da escola que querem para se defender dos
(brancos-não indígenas). Apesar da complexidade da questão e da ambígua relação
do Estado brasileiro e sua burocracia com relação à educação escolar indígena,
existe aí desenvolvida uma experiência de 15 anos por uma equipe do Cimi,
inspirada nos ensinamentos de Paulo Freire, em Bartomeu Meliá, entre outros,
que inspiram processos de educação escolar indígena, autônomos
e de descolonização. A aldeia Awa está exigindo a construção de uma
escola onde possam desenvolver a educação escolar que querem e que lentamente
foi sendo construída em mais de uma década de convivência, e apoio à comunidade.
Querem que a escola seja reconhecida como escola comunitária. Com seu Plano
Político Pedagógico, baseado em suas pedagogias e valores educativos, orientada
pelo tempo e pedagogia Awa. É esse tipo de escola que os Awa querem que seja
reconhecida e apoiada, financeiramente pelo MEC.
Amiri, Majakatӯ
e Warixa’a, com assessoria do Cimi, apesar de certa dificuldade de
entender e se expressar em português ,
tiveram reunião no CNE pela manhã e reunião
na Funai à tarde.
As reuniões/debates tiveram inicio em 2013, no reunião no
Ministério Público Federal (Ma), com a presença de representantes de várias
instituições, dentre as quais o Conselho Estadual de Educação do Maranhão,
Universidade Federal do Maranhão, Ministério Público de São Luiz e da 6ª
Câmara, Comissão de Direitos Humanos da OAB, FUNAI,MEC e Cimi.
Deixaram claro que vieram para exigir o reconhecimento e
apoio à escola como eles vem fazendo e
como eles querem levar adiante. Mas querem uma escola que ajude os Awa a se defender
contra as permanentes ameaças, sem perder sua cultura. No debate ficou claro
que não querem a escola do invasor, mas uma escola que possa fortalecer sua
cultura para um enfrentamento tão desigual.
“Não viemos passear em Brasília. Viemos atrás de
escola. Funai diz que Awa vai perder cultura.
Nos queremos aprender dois língua: materna e português. Queremos nos defender”,
expressou uma das lideranças. Existe um debate desafiador a ser continuado e um emaranhado de
empecilhos burocráticos a serem superados.
Com essa viagem a Brasília esperam desobstruir alguns canais que lhes
permitam, dentro dos direitos constitucionais conquistados, avançar no processo
que eles entendem melhor para sua auto defesa e autonomia.
Esperam que o empenho
e apoio manifestado pelos representantes do governo se transforme
em realidade, ou seja, a construção da escola como desejam.
Os Awa e os Kaiowá
Guarani
Os Awa lembram dos seus parentes Kaiowá Guarani do Mato
Grosso do Sul. Há algum tempo fizeram uma visita a esse povo. Ficaram
impressionados com a situação de sofrimento, falta de terra e invasões das
terras indígenas. Atribuíram essa
lamentável situação à falta de flechas. E aos acampamentos visitados
entregaram, simbolicamente, um arco com
várias flechas. Estas são até hoje cuidadosamente guardadas e levadas para
reuniões, encontros e Aty Guasu.
Na semana passada mais uma Comissão de parlamentares,
articulada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, esteve visitando os
Kaiowá Guarani, na fronteira com o Paraguai. Viram, ouviram, se emocionaram.
Criaram expectativas. Prometeram apoio a seus direitos. Fizeram contundente
pronunciamento na Câmara dos deputados.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Paulo Pimentel,
externou sua indignação com o que viu e exigiu, por parte do governo federal,
medidas urgentes para atacar as causas de tanta violência, assassinatos,
suicídios, fome, genocídio, ou seja, a
urgente regularização e demarcação das terras indígenas desse povo.
Que este não seja apenas mais um relatório. Não é a falta de
conhecimento da realidade que permite que se chegue a essa situação
brutal. É a conjunção dos três poderes
da república que vem permitindo e estimulando esse etnocídio e extermínio.
Egon Heck
Cimi Secretariado nacional
Brasília, 12 de junho de 2015
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