Graves ameaças pairam sobre os povos indígenas. E não é apenas a desconstrução de direitos constitucionais,
mas são também projetos de saque dos recursos naturais, principalmente minérios
e madeira.
Estão em curso negociações envolvendo ministérios e órgãos
federais, como a Funai.
Essas ameaças se materializam em iniciativas anti indígenas nos três poderes do Estado
Três minutos com o general presidente
da Funai
Apesar de estar agendada audiência com uma delegação de
lideranças estes foram recebidos por funcionários
do órgão. Após insistência dos indígenas para falarem com o presidente da
Funai, este foi logo dizendo que poderia
recebe-los apenas por alguns minutos, pois já tinha agenda com o Ministro da
Justiça. Pediu às lideranças que fossem objetivos em suas manifestações. E ao
receber um documento com as principais questões a serem debatidos, foi logo
avisando “ Deixa passar logo uma informação.
Há poucos dias recebi uma delegação de liderança indígenas de Rondônia
acompanhados de três procuradores federais da República. Todos foram unânimes
em pedir a regularização da exploração mineral em terras indígenas. Esse mesmo
pleito já havia sido feito pelos indígenas do Alto Rio Negro-AM. Diante da
imediata reação dos indígenas manifestando sua
firma postura contra semelhante iniciativa, o general foi logo tentando
acalmas as lideranças “Mas não precisam se preocupar, pois a mineração só
acontecerá onde for solicitada, não
será para todos os índios”. Informou que na próxima semana estará indo para
Rondônia.
A soma genocida
Em vários momentos foi alertado na imprensa, pelo movimento indígena e aliados, as consequências etnocida e genocidas da
desconstrução e retirada de direitos constitucionais dos povos indígenas,
articuladas pelas bancadas dos 3 B – Boi, Bala e Bíblia.(setores evangélicos).
Essas iniciativas estão sendo reforçadas por 3 M – Mineradoras, Madeireiras e Militares ( alguns setores). Quem
presenciou o saque feito pelo setor
madeireiro nas terras indígenas do sul do país, principalmente das araucárias e
madeiras de lei, pode imaginar o que acontecerá na maioria das terras indígenas
da Amazônia. Não menos assustador é prever as chacinas dos povos indígenas que
ocorrerão em função da insaciável sanha do setor mineral, nacional e
internacional. Basta lembrar a tragédia
ocorrida na década de 80 quando se estimou a morte de 1.500 Yanomami em função
da invasão de seu território por aproximadamente 40 mil garimpeiros ( mantidos por empresários
do garimpo).
O plano de Geopolítica implantado a partir do Projeto Calha
Norte em meados da década de 80, previa uma política indigenista especial, que
dentre outras coisas previa a transformação das terras indígenas em ilhas e colônias,
Impedir a criação de áreas extensa, que poderiam comprometer a segurança
nacional, alé dos planos de “fronteiras vivas”, ou seja estimular e fixar na
faixa de fronteira “brasileiros” e não indígenas, que não tem nacionalidade,
conforme afirmou, em janeiro de 1980, o brigadeiro Protásio.
É bom lembrar que em 1987 o então presidente da Funai,
Romero Jucá, atualmente senador, já havia concedido autorização para empresas
madeireiras explorarem madeira em terras indígenas de Rondônia.
Agosto indígena
Diante desse quadro aterrorizante os povos e o movimento
indígena tem organizado uma intensa pauta de mobilizações e manifestações nas
regiões e em Brasília. Em a certeza de que poderão contar com o efetivo apoio
da sociedade nacional que também estará levando adiante suas lutas contra o
golpe e as ameaças de retrocessos. A Apib – articulação dos Povos Indígenas do
Brasil, está fazendo uma convocatória a todas as pessoas de boa vontade e
lutadores por um Brasil onde todos
possas viver em paz com justiça e o Bem
viver como horizonte estratégico para um novo país.
O agosto indígena, quando no dia 9 se comemorará o dia
internacional dos Povos Indígenas, será mais um momento importante da secular
resistência dos povos originários.
Egon Heck
Fotos Laila Menezes
Cimi – Secretariado Nacional - agosto de 2017
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