Veja vídeo : http://www.youtube.com/watch?v=lF4XZnjHHOo
"Produtores rurais de Mato Grosso do Sul se
reuniram na terça-feira (28) com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, para pedir a suspensão da demarcação de terras indígenas no estado
até que os processos sejam submetidos a pareceres da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e dos ministérios da Agricultura e do
Desenvolvimento Agrário. A interrupção da criação de novas reservas indígenas está
suspensa no Paraná e o mesmo também deve ocorrer no Rio Grande do Sul por
determinação do governo federal.
Segundo o presidente da Frente
Nacional Agropecuária, Francisco Maia, os produtores saíram da reunião de
terça-feira sem respostas do governo. "Chegamos com um problema grave e
estamos saindo com o mesmo". Maia disse que os produtores rurais do sul do
estado estão dispostos "a parar o
país" para cobrar uma decisão do governo federal em relação aos
conflitos fundiários em Mato Grosso do Sul. " (Ambiente Brasil,
29/05/2013)
"Após a mobilização da Assembleia Legislativa em
Brasília ontem, o Governo federal anunciou que interromperá temporariamente os
processos para demarcação de aldeias indígenas em 28 municípios de Mato Grosso
do Sul até que o Ministério da Justiça e a Casa Civil da Presidência da
República recebam estudos de outros órgãos envolvidos nas questões fundiárias.
Correio do Estado - MS, 29-05-13) "
Hipocrisia. Pouca vergonha. O que se está fazendo com os
povos e direitos indígenas neste país, só teve precedentes, na década de
sessenta e setenta, com um processo de genocídio programado e planejado pela
ditadura militar e interesses econômicos ávidos por assaltar os recursos
naturais das terras indígenas.
Quando, em 1966, o Serviço de Proteção aos Índios - SPI,
pediu de volta os Toldos (Terras Indígenas) cuja proteção lhe havia sido cedida
ao Estado do Rio Grande do Sul, por acordo com o órgão federal, os governantes ficaram perplexos e enrubescidos,
por não saber o que devolver, pois já haviam se locupletado
às custas da espoliação e retaliação das terras indígenas. Não tinham como devolver os espólios, pois
vários já se haviam eleito ou estavam ocupando cargos no governo às custas do
voto e das promessas aos pequenos e
grandes produtores e empresários rurais. E agora, quando os povos indígenas
exigem seus direitos recuperando pequenas partes das terras que lhes foram
tiradas, vem novamente os políticos e governantes com mais uma barbaridade: suspensão
das demarcações de terra.
Seria bom que os envolvidos em mais essa tramoia anti-indígena,
já que possuem tanto tempo para, maquiavelicamente tirar os direitos dos povos
indígenas, sentassem na varanda ventilada de suas casas e mansões e começassem
a ler as 7 mil páginas do Relatório Figueiredo
(de 1967-68), para ver se sentem alguma
dor e remorso no coração e na consciência. Quem sabe então pediriam ao governo
federal que cumpra com agilidade seu dever constitucional parar demarcar todas
as terras indígenas do país, o que já deveria ter acontecido há 25 anos .
Em 1978, quando a lei 6.001, Estatuto do Índio,
determinava que todas as terras indígenas deveriam estar demarcadas, o então
ministro do Interior, general Rangel Reis, propôs a "emancipação" dos
índios e de suas terras. Em 1993, quando a Constituição determinava que todas
as terras indígenas deveriam estar demarcadas pelo governo federal,
parlamentares e setores do governo pleitearam a revisão constitucional para
impedir a demarcação das terras indígenas e escancará-las à exploração,
principalmente de madeireiras e mineradoras. Aumentaram as invasões e
violências contra os povos indígenas. A
Terra Indígena Yanomami chegou a ser invadida por mais de 40 mil garimpeiros.
Em junho de 1993 aconteceu o massacre de Haximu, em Roraima,no qual foram mortos
16 Yanomami.
Já que existe tanta disposição de parar o país para
garantir os vultosos lucros obtidos pelos senhores do agronegócio e seus
eleitos, porque não fazê-lo para exigir do governo federal o cumprimento da
Constituição? Porque sacrificar no altar do progresso a vida de comunidades e
povos como dos Terena e Kaiowá Guarani? Nos últimos dez anos foram mais de 300
assassinatos de membros desse povo, seja pela luta por suas terras, seja em
decorrência dos confinamentos e acampamentos às beiras das estradas.
Funcionários da Embrapa não sejam cúmplices de massacres
e extermínios de populações indígenas e de destruição da natureza.
Estamos em véspera do Encontro Mundial da Juventude, quem
sabe não seria a oportunidade de dizer para o Brasil e o mundo, porque nas
últimas décadas se suicidaram 555 Kaiowá Guarani, sendo a grande maioria
jovens. Talvez o Papa Francisco intercedesse junto ao governo brasileiro para
por fim a esse processo de genocídio em curso no Mato Grosso do sul e outros
estados.
Povo Guarani Grande Povo, 30 de maio de 2013
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