“Santidade...estão matado nosso povo...fomos uma grande nação, hoje
estamos jogados à beira das estradas, das cidades e da memória dessa região e
pais. Mas não somente estamos vivos e
resistentes, como decididos a continuar lutando pelos nossos direitos, pelas
nossas terras sagradas, que estão sendo destruídas e nossas águas e fontes
envenenadas pelo que chamam de progresso, desenvolvimento. Nós queremos e
exigimos muito pouco Santidade...apenas queremos viver com dignidade e paz encima
de nossas terras e territórios . Muitos dos que nos combatem, negam nosso
direito à terra e assassinam nossas lideranças se dizem católicos,
seguidores vosso e do Deus da vida. Diga
a eles e a todas as pessoas do mundo que o admiram e seguem que o nosso Deus,
Nhanderu, é o mesmo Deus da paz, da verdade, da justiça e da vida...”
E o Papa, emocionado diante daquela
esquálida e determinada criatura, externou
o compromisso pelos direitos das nações indígenas no Brasil
Trinta anos se passaram, daquela
noite quente em Manaus, quando o João Paulo II teve um encontro com os povos
indígenas.
Nesta manhã gelada, de geada em Dourados, bem próximo à
casa em que Marçal viveu parte de sua vida, na aldeia Jaguapiru, centenas de
lideranças Guarani Kaiowá estão reunidas em mais uma grande Assembleia. Como no
início da década de 80 as maiores violações de direitos e atrocidades contra os
povos indígenas aconteciam na Amazônia,
com a implantação dos grandes projetos, principalmente as grandes estradas da
invasão dos territórios indígenas e extermínio de comunidades e povos, hoje um
encontro do Papa Francisco com os povos
indígenas certamente aconteceria ali onde os índios estão sofrendo as maiores
violências, no Mato Grosso do Sul. Ali
seria reverenciada a memória de Marçal, que foi assassinado em novembro de
1983, e os inúmeros mártires da luta
pela terra e vida do povo Kaiowá Guarani, Terenas e demais povos indígenas no
Brasil.
Tres
jovens Guarani estarão próximos ao Papa numa celebração eucarística
nesses dias. Quem sabe consigam fazer chegar o grito pela vida, terra e
justiça, ao papa Francisco.
Enquanto
isso
Aconteceu em Campo Grande mais uma
reunião do grupo especial criado para encontrar solução para a gravíssima
realidade das terras indígenas no Mato Grosso do Sul. Pouco, ou quase nada se
avançou na perspectiva de um inicio de solução. Ao contrário chegou a ser
ventilada a insana proposta de se arrendar terra para os indígenas no Estado.
Absurdo do absurdo.Seria a União arrendar terras que constitucionalmente são
suas, por serem tradicionalmente indígenas, para assenta-los
Na ogasu (casa de reza grande)
Nhanderu Getulio coordenou o dia da voz, palavra e reza, dos Nhanderu e Nhandesi
Kaiowá Guarani. Hoje a grande Assembleia
estará discutindo e definido estratégias com relação à questão das
terras.
“Mesmo matando nosso sonho, jamais
desistiremos de lutar pela nossa terra” – Conselho da Aty Guasu
Egon Heck
Povo Guarani Grande Povo
Dourados, 25 de julho de 2013
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