O ministro Cardozo, escutado atrás das falaciosas “mesas de
diálogo”, repetiu em exaustão que o clima não está bom, e que não vê nenhuma
ação viável a não ser essas mesas, que os índios qualificam como enganação: “
Para nós a vida é um sonho rápido que fica em algum lugar entre a fome e a bala
do fazendeiro. Até quando, senhor ministro? Quando na história deste país
tivemos uma “conjuntura” favorável a nós? Tudo que temos são nosso direitos, e
exigimos seu cumprimento”, insistiram as lideranças em documento
entregue ao Ministério da Justiça na manhã desta quinta-feira (21).
Mensalão do diálogo
As aludidas mesas de diálogo são, pelos povos indígenas,
comparados às mesadas dos invasores, ou a um mensalão de lucros fáceis e
abundantes, com a exploração das terras e recursos naturais das terras
indígenas há décadas. “Os latifundiários e os poderosos, senhor ministro, não
querem diálogo, mas a nossa morte. Basta lembrar os inúmeros massacres e
extermínio de nossos povos, caracterizando um genocídio e holocausto dos povos
nativos e originários deste continente e do nosso país”.
Retornaremos
Em tom indignado, a liderança do Ypoy desabafou dizendo ao
ministro que talvez não volte, pois poderá ter sido assassinado, mas virão
outros lutadores, até que a terra seja demarcada. Na carta ao ministro
reiteram: “Até lá saibam que não aceitaremos as mesas de diálogo, não seremos
enganados de novo. Desta nossa reunião não ficamos com nada se não a certeza de
que para nós não existe a possibilidade no momento de termos respeitados nossos
direitos previstos na Constituição Federal de 1988. Infelizmente é isso que
temos para levar a nosso povo em nosso retorno”.
os deixam uma escolha, retomar nossas terras por meio da
única força que temos. Se isso acontecer morreremos.”
Na carta protocolada nesta manhã no Ministério da Justiça,
os índios manifestam sua revolta, mas acreditam nas forças de seus guerreiros e
ancestrais, para continuarem a luta até a vitória final.
Egon Heck
Secretariado nacional do Cimi
Brasília, 22 de maio de 2015
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