ATL 2017

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domingo, 23 de junho de 2013

O grito das ruas e das aldeias



A lua estava com seu brilho de gala, sedutor, convidativo.Mais uma noite de rua, de protesto. Na aldeia é momento  de ritual, de alegria, de celebração, de grito. A lua ilumina e anima a todos igualmente da aldeia escondida na floresta amazônica, às multidões apinhadas em vozes plurais, na selva de pedras.

A juventude na rua acordou o  Brasil.  A indignação, dor e revolta da aldeia  deixa o governo com dor de cabeça.  Juntos contestam o poder usurpado, corrupto, exigem mudanças, produzem transformações. Já. Não dá  para esperar  mais um bilionário espetáculo nas arenas da indignidade galopante. As ruas e aldeias não se deixam enquadrar, conspurcar por vis moedas do capitalismo global.

Milhões de cartazes ambulantes dão o recado, de forma criativa, direta e alegre. Os gritos completam o cardápio com ironia e humor. "O Brasil acordou, o povo apareceu foi, deu seu recado, fora corruptos de toda espécie,  o país é mais que futebol, não mais somos colônia da Fifa ou quem quer que seja.

Energia bonita, no apagão de Belo Monte, na refundação do  país. Da aldeia ao Planalto, a voz que fala mais alto é o plural coro dos jovens, dos excluídos , dos negros, dos índios, dos sem terra, dos sem teto, dos em transporte, das cidades sufocadas.

Ao passar por meus cabelos e barba branca, com a cara pintada com os riscos verde e amarelo, um jovem comentou "viu que não é só movimento de adolescente!..Senti a terceira juventude vibrar em mim. E mais! Senti a revolta sufocada criando assas nos gritos e gestos exaltados. Pedindo paz. Violência não! Mas como então chegar aos ouvidos moucos do poder? Só Fora Feliciano não satisfaz. Fora  Renam Calheiros!, fora os corruptos encastelados, abaixo todas as formas de ditadura,! O povo em movimento já é mudança. O novo é construído pelo povo, no caminho!
 
Entre um grito e outro, vem me à lembranças os Zapatistas, em Chiapas, os Sandinistas, na Nicarágua da década de 80, as machas indígenas na Bolívia e no Equador, os grandes Assembléias indígenas no Brasil, desde a década de  70, a Marcha e Conferência  Indígena, negra e Popular, do ano 2000, os Acampamentos Terra Livre, já no novo milênio.

É a vitalidade do movimento indígena, que rompeu o período da ditadura militar, e traz em potes frágeis, com sua sabedoria milenar, para a construção desse Brasil popular, emergindo nas ruas, radicalizando a democracia, no horizonte do novo necessário e urgente.

É o grito insurgente das ruas e aldeias

Egon Heck

Povo Guarani Grande Povo, início do inverno de 2.000