Quando os caminhantes da “troca de saberes” foram definindo
seu roteiro, não tiveram dúvidas. Deixaram se embalar pelas energias da região
conhecida por Terra Ronca, em função dos ruídos naquela caverna e também pelo
Parque Estadual do mesmo nome. Seria ali que em torno de 60 pessoas iriam se
encontrar e traçar os caminhos a serem percorridos. Região de muitas belezas,
com mais de 60 cavernas, muitos rios e lindas cachoeiras. Era ali que iriam
morar por alguns dias os sonhos caminhantes de gente de diversas regiões do país, mais
especificamente de Goiânia, Pernambuco e
Tocantins.
Após percorrer grandes distâncias, é hora de experimentar o
pó da região, acampar à beira da cachoeira de São Bernardo. Delícia para quem
vem da secura do sertão, curtição para quem vem das regiões de águas e rios
poluídos, sem precisão.
Não foram feitos
grandes percursos a pé. Apenas o suficiente para sentir as energias da região
que foi impactada pela agropecuária,
felizmente em recesso.
Alegria e
calor do encontro e reencontro
Um dos aspectos importantes, durante o caminho é sentir-se e sentir o outro. Os abraços
demorados e calorosos, são carregados da
alegria e felicidade do reencontro. Também os novos caminhantes são
incorporados à roda da vida com muita esperança. Como o grupo era grande e a
noite já ia avançada, foi sugerido que apenas se cumprimentasse com abraço, aos
novos membros. Não houve jeito. Todos se
tornaram novos e os abraços foram gerais, no pé das montanhas gerais.
Do ventre
da mãe terra
Me senti no ventre da mãe terra, ao ser envolto na beleza da
caverna de São Bernardo. Foi como adentrar a escuridão da noite em pleno meio
dia. Sentir a cada passo a leveza da água escorrendo pelos pés, os olhos
ofuscados com a suavidade da luz dos carburetos e lanternas deslumbrando o encanto, quase em pranto, a cada nova
maravilha. Quando brilhavam os estalactites e estalagnites, formando figuras,
minha alma subia ao teto dos salões e se incorporava no festival de beleza.
Carona na
Caravana da paz e Enca
Após percorrer caminhos
pela natureza, do cerrado restante,
instantes de partilha e reflexão. Fomos juntando nossos parcos
conhecimentos com os sentimentos que foram brotando da realidade sentida, num
belo festival da vida em pleno chão esturricado
pela seca. Gratidão. Essa é talvez a
melhor expressão dos nossos sentimentos.
Quando estávamos
buscando uma forma de encerrar nossa caminhada com chave de ouro, na caverna
Angélica, distante mais de 30 km de Terra Ronca, eis que surge a inconfundível
Wipalla, um locomóvel a serviço da Caravana da Paz, que há 30 anos iniciou no
México e continua viajando e propiciando momentos de formação pelas Américas,
tendo sempre como horizonte a construção de uma cultura da Paz.
Nossa caminhada estava precedendo a realização do 39º
Encontro Nacional de Comunidades Alternativas – ENCA. Esse é um dos momentos de socialização e intensificação da alternativas já encontradas, diante do
fracasso do modelo capitalista que se pretende impor em todo o planeta. É um
modelo necrófilo que só gera sofrimento e destruição.
Fica sempre
um pouco de perfume
Quando a caminhada vai terminando já começa a saudade.
Aquele gosto gostoso de quem deixou um pouco de si e acolheu em seu coração
tantas vidas, alegrias e belezas. Caminhar é preciso. Partilhar solidariamente
vida e caminho, também.
Já na despedida, em pleno caminho, recebemos e socializamos,
a linda carta enviada por Samara (TO) : “A todos caminhantes sou grata a cada
um que esteve comigo me proporcionou carinho, afeto e amizade... e por me ensinar que cada dia deparamos com
diversidades e me mostraram que, quando acreditamos em nós tudo deixa de ser
impossível é se torna possível de acontecer dependendo de qual for objetivo. A
força está dentro de nós basta deixar fluir pensamentos sinceros que o sucesso
da vida é a vitória.
Para mim foi uma caminhada
sensacional, ter conhecido cada uma de vocês... como diz: Charles Chaplin cada
pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e
nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e
não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é
a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se
encontram por acaso.
Em
poucas palavras quero demonstrar meu imenso carinho e amor, mesmo que alguns de
vocês eu nunca mais encontre na caminhada da vida...quero que saiba que cada um
foi importante para mim. Que Deus retribui, pois nunca poderei retribuir tanta
gentileza. Grata por tudo! Eu caminhei e caminhei e caminhei ... que todos
fazem uma boa caminhada.
Ps; espero estar na próxima caminhada rs ...
Gratidão! Beijos e
Beijinhos com carinho de Samara Kelly) Palmas
10/07/ 2015 Awire soré ...
Egon, Laila e Silésia
Brasília, 30 de julho de 2015