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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Waimiri Atroari – a Guerra velada e revelada

Waimiri Atroari – a Guerra velada e revelada
Contra os Waimiri Atroari se  realizou uma “guerra relâmpago”. Ao citar essa frase., Egydio concluía seu depoimento na Comissão da Verdade, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em Brasília. Seus olhos começaram lacrimejar. Era um início de tarde agradável na capital federal.
No dia 9 o plenário 9 recebeu um curioso e indignado público.
Estava se começando a revelar um dos mais cruéis crimes cometidos pela ditadura militar contra um povo indígena. Existem indícios de que no período de   dez anos (1967 a 1977) no período da construção da BR 174, que liga Manaus a Boa Vista, foram exterminados em torno de 2 mil Waimiri Atroari. Esses povo resistiu bravamente contra a invasão de seu território.
A guerra santa do desenvolvimento a qualquer custo, ontem e hoje, continua fazendo milhares de vítimas, em sua grande maioria  anônimos, ocultados, enterrados pela história do colonizador, dos interesses dominantes. Foi o que expressou o secretário do Cimi, Cleber Buzatto, ao iniciar os depoimentos do massacre  e genocídio dos Waimiri Atroari. Fez ,menção à construção da hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída às custas de enormes e irreversíveis impactos sociais e ambientais.
Egydio em seu depoimento de um pouco mais de meia hora trouxe inúmeros documentos e informações que mostram como o palco e desenrolar a guerra contra os Waimiri Atroari e sua resistência. Disse, em seu depoimento contundente  Em junho de 1985, sentado em companhia de dois Waimiri-Atroari na calçada em frente ao prédio da FUNAI, aqui em Brasília, um deles me perguntou à queima-roupa: “O que é que civilizado joga de avião e que queima o corpo da gente por dentro?”. Teria sido napalm? Em aula, mais tarde, as perguntas se sucediam: “Por que kamña (civilizado) matou Kiña?” “O que é que kamña jogou do avião e matou Kiña?” Kamña jogou kawuni (de cima, de avião), igual a pó que queimou garganta e Kiña morreu”. “apiyeme-yekî”=por quê?”
Para ilustrar a forma bélica utilizada para vencer a resistência dos Kiñá trouce uma afirmação do sertanista Sebastião Amâncio, substituto de Gilberto Pinto, publicado em O Globo “Os Waimiri-Atroari precisam de uma lição: aprender que fizeram uma coisa errada. Vou usar mão de ferro contra eles. Os chefes serão punidos e, se possível, deportados para bem longe de suas terras e gente. Assim, aprenderão que não é certo massacrar civilizados (...) Irei com uma patrulha do Exército até uma aldeia dos índios e lá, em frente a todos, darei uma bela demonstração de nosso poderio. Despejaremos rajadas de metralhadoras nas árvores, explodiremos granadas e faremos muito barulho, sem ferir ninguém, até que os Waimiri-Atroari se convençam de que nós temos mais força do que eles”.
De forma maquiavélica e cruel, o sistema foi invadindo o território, matando e subjugando seu povo, abrindo aos interesses do grande capital nacional e internacional. Ficam os monumentos à insanidade, como a hidrelétrica de Balbina,  os buracos e rastro de destruição deixados pela mineradora Paranapanema e atual  Taboca. Como dizia o sertanista Apoena Meirelles, quando coordenador   da Frente de Atração Waimiri Atroari, em 1975 “ 
Infelizmente um manto de silêncio se lançou sobre esse crime . “A  FUNAI, como principal testemunha do desaparecimento dos Waimiri-Atroari, se mantém hoje estrategicamente à distancia dos novos acontecimentos, enquanto a empresa que alagou grande parte da Reserva, dirige o destino desse povo.”
Egydio nos relatou com emoção o tempo em que viveu com sua família entre os Waimiri Atroari, desenvolvendo um importante trabalho na área de educação “Foi o período mais feliz de minha vida”
O antropólogo da UNB, Stephen Baines, que também foi expulso da terra indígena Waimiri Atroari, não apenas confirmou os indícios da morte de aproximadamente 2 mil indígenas desse povo, por ocasião da construção da estrada, mas acrescentou vários elementos que corroboram essa denúncia. Outros depoentes expuseram fatos relacionados às políticas que levaram à morte milhares de indígenas por esse Brasil afora. A Funai e a Eletronorte não enviaram seus representantes.
Momento histórico
Todas as manifestações e depoimentos ressaltaram a importância dessa audiência pública, qualificando-o como “momento histórico”. Porém não pode ficar na denuncia. Teremos que fazer justiça, e principalmente evitar que se continue cometendo essas barbaridades contra os povos indígenas.
Ao começarmos a desvendar essa triste memória, não apenas daqueles que enfrentaram diretamente a ditadura, mas de todos os que foram vítimas do mesmo regime, como é o caso dos Waimiri Atroari.
A verdade continuará sendo revelada. Viva o heroico e resistente povo Kiñá!

Povo Guarani Grande Povo
Cimi 40 anos, 11 de maio de 2012

Denuncia do Massacre dos Waimiri-Atroari. na comissao da verdade

A guerra do Paraguai continua

Agora é contra os Kadiwéu, conhecidos na história como os Guaicuru, ou índios cavaleiros.Estes Lutaram heroicamente ao lado do exercito brasileiro, argentino e uruguaio, na guerra genocida contra o Paraguai. Tiveram como recompensa a  doação, pelo imperador D. Pedro II, do titulo de terra  na região tradicionalmente por eles ocupada, na serra da Serra de Bodoquena e Pantanal. Foram doados um total de 538 mil hectares. Destes, em 1921, um grande grileiro estrangeiro de nome Fomento Argentino, se apossou de aproximadamente 150 mil hectares. Essas terras depois foram sendo repassadas para fazendeiros da região. Assim se deu a invasão.
Quando a Funai refez os limites da demarcação, para homologação, no início da década de 80, enfrentou a resistência dos posseiros, que questionaram os limites na justiça. Desde 1987 o processo está no Supremo Tribunal Federal.
Portanto é uma ação idêntica à dos Pataxó Hã-hã-Hae, do sul da Bahia. Se espera que o Supremo julgue essa ação com urgência para restabelecer a justiça e a paz na região.
Enquanto isso os Kadiwéu tem que tem que suportar a segunda guerra, desta vez contra os invasores locais e estrangeiros. O comandante Pucinelli já mandou o recado. Se os índios não saírem pacificamente, vão tomar outras providencias.
É importante ressaltar que a terra foi titulada pelo imperador em nome do povo Kadiwéu.
É impressionante o racismo que continua sendo alimentado pelo modelo econômico e político regional. Basta ver o comentário postado na mídia eletrônica: “Até quando estes índios desocupados vão assombrar produtores e pecuarista neste país?
Já sinto até a necessidade, de um certo Gal George Custer....Embora não tenhamos nem um deste que seja digno de um Touro Sentado ou muito menos um Nuvem Vermelha. Mas vadios tem bastante!!!!”
LUIS CARLOS LEITE NUNES em 08 de maio de 2012 - terça às 13:29 (Campo Grande News)
Egon Heck
Povo Guarani Grande Povo
Cimi 40 anos, 11 de maio de 2012

Povos Indigena do Acre