O Brasil e o mundo estarão unidos aos Nhanderu e Nhandesi
Kaiowá Guarani na luta pela vida e pela terra de Guyraroka e demais territórios
indígenas ainda por demarcar.
A enorme força espiritual dos Kaiowá Guarani se manifesta de
várias maneiras, desde as rezas fortes dos Nhanderu, para que o sol se apague
até as rezas que lhes permite penetrar no coração das pessoas para demovê-las
de ações que atinjam ou neguem os seus direitos de viver em seus tekoha,
territórios tradicional, originários, com paz os seus projetos de Bem Viver.
Os mais de 50 Kaiowá e Guarani que estiveram em Brasília
para lutar pelos seus direitos, fizeram um dos rituais de reza sobre o nome de
várias pessoas, especialmente as que estão fazendo e aprovando leis que vão
contra a Constituição do país, no que diz respeito aos direitos dos Povos Indígenas.
Simultaneamente uma tarefa da Polícia Federal agia no Mato
Grosso do Sul. Prenderam o filho do governador Reinaldo Azambuja, PSDB, e o
deputado Zé Teixeira, DEM, que reivindica como sua a terra do tekoha Guyraroka.
Foram fazer companhia ao ex-governador André Pucinelli, que já está preso. Ele
tem insistentemente se manifestado contra o direito dos índios a seus
territórios. Dentre afirmações por ele feitas, uma diz que “é um crime dar um
palmo de terra aos índios que não produzem”. Nessa mesma direção foram recentes
declarações de Bolsonaro, que se eleito for, não demarcará um centímetro de
terra para os índios.
Enquanto isso, os povos originários da região continuarão
fazendo seus rituais e rezas, até que seus direitos seja garantidos.
Os Kaiowá Guarani continuarão rezando sobre os nomes de seus
inimigos, na esperança de que terão suas terras reconhecidas e garantidas. Esse
é um direito originário reconhecido na Constituição e legislação internacional
da qual o Brasil é signatário.
Quem sabe, a recuperação de altas somas de recursos
desviados possa ser canalizada para demarcar e garantir os territórios
indígenas no Mato Grosso do Sul.
Durante a semana em Brasília, os indígenas também foram para
a Advocacia-Geral da União (AGU), para entregar à Ministra documento pedindo
imediata revogação do parecer 001, também, conhecido como parecer do genocídio.
Na quinta-feira, a delegação Kaiowá Guarani que esteve a
semana em Brasília acabava de embarcar rumo às suas terras, retomadas e
acampamentos. Alegria contagiante. Estavam leves, alegres, sorridentes. As
vitorias e debates com vários setores da sociedade e do governo alimentaram os
frágeis mas profundos e consistentes fios de esperança. Foi a expressão
concreta do pacto que assumiram na recente Aty Guasu realizada na Terra
Indígena Guyraroka. “Nosso povo já rezou junto e fizemos um pacto. Todos os
Tekoha estão conectados e estarão juntos para defender com nossos corpos e
nosso sangue os territórios que forem afetados pelo Marco Temporal, Parecer 001
da AGU ou outra ferramenta genocida contra nossos povos” (Carta da Aty Guasu de
Guyraroka 24-08-2018).
Chegaram à capital federal ansiosos, pois além das lutas
concretas de suas comunidades sentiam o peso da responsabilidade de darem
continuidade às lutas dos povos
indígenas do Brasil, tendo como objetivo principal a não aprovação do Marco
temporal, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A presença mais importante foi com os Ministros do STF,
através de conversas e entrega de documentos nos gabinetes, solicitando a
reversão da anulação da Terra Indígena Guyraroka e a participação dos índios
nesse processo e em todos aqueles que tratam da questão indígena, conforme reza
a Constituição. Fizeram muitos rituais antes e depois da retirada da plenária
virtual do STF.
Estiveram também na Funai, Ministério da Saúde, Ministério
da Educação (MEC) e Procuradoria Geral da República.
O Brasil e o mundo estarão unidos aos Nhanderu e Nhandesi
Kaiowá Guarani na luta pela vida e pela terra de Guyraroka e demais territórios
indígenas ainda por demarcar e garantir para os povos originários deste país e
de América Abya Yala.