ATL 2017

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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dia de Marçal, dia de luta Guarani Kaiowá

 O grito guerreiro, do fundo da terra, da floresta ou da raiz continuará anunciando um novo amanhecer. Não podem matar nosso sonho. “Somos lutadores resistentes de uma causa invencível,somos não apenas sobreviventes de uma guerra secular, mas portadores de sabedoria para novas sociedades. Semelhante grito continua a ressoar mundo  afora.
Lembrar a memória de um guerreiro que tombou na luta pela terra, pelos direitos de seu povo é sempre um momento de  fortalecer a resistência e convocar  todas as forças e energias para a conquista definitiva dos direitos, especialmente seus territórios tradicionais.
Apesar das circunstâncias bastante ameaçadoras, os Kaiowá Guarani não se deixaram intimidar e foram celebrar honrar a memória de Tupã’i na terra indígena Nhanderu Marangatu, onde há  30 anos ele foi assassinado.

Situação vergonhosa

Em carta que fizeram chegar à presidente Dilma, jovens e adolescentes Kaiowa e Guarani que estiveram em Brasília, lembram mais uma vez que a gravíssima situação em que se encontram nos acampamentos, retomadas, confinamentos afirmam:  “é a falta de terras demarcadas, para que possamos recuperar plenamente nossa autonomia e nosso teko porá as boas praticas ensinadas pelos nossos ancestrais...”
Já nesta semana  foi encaminhada à  presidente Dilma carta por organização indígenas, dentre as quais a Aty Guasu Kaiowá Guarani e entidades indigenistas exigindo “uma intervenção federal imediata no Mato Grosso do Sul, de modo a evitar mais uma tragédia anunciada no Brasil”. Concluem afirmando que “O poder público pode e deve evitar esta "tragédia anunciada”, repetição sistemática do genocídio contra os povos indígenas. E isto precisa ser feito agora. O reconhecimento e a demarcação das terras indígenas é a verdadeira solução para a situação que está posta no Mato Grosso do Sul.”
Os fazendeiros, por sua vez estão a todo vapor, preparando o leilão vergonhoso, que ousam chamar   “da resistência”. Em tom ameaçador, como quem está acima da lei,  propalam a data limite para a solução do problema das terras indígenas, final de novembro, ou seja, daqui uma semana. Não é preciso ser nenhum futurólogo para  prever que o governo não resolverá essa situação até a data estipulada. E o que acontecerá então?  De quem será a responsabilidade das tragédias anunciadas?
Enquanto isso o governador Puccineli continua sua cruzada e catilinária contra o Cimi, acusando-o de ser “o braço facista da CNBB” ( Site do Cimi), em afirmações eivadas de  preconceito e ódio. Há que se perguntar quem é o braço fascista do agronegócio.

“Yvy Katu – nenhum palmo atrás”

Essa decisão de mais de cinco mil Guarani Nhandeva dessa terra indígena, demonstra a disposição, mesmo em circunstâncias extremamente desiguais,  de viver e lutar pelo seu território.   As ordens de despejo vão aumentando,  o que deixa  antever a proporção dos conflitos.
O Ministério Público Federal de Dourados está empenhado em mediar uma conversação com a participação da justiça e das partes envolvidas, buscando um acordo possível para evitar mais ameaças e violência. Enquanto isso aguarda uma posição firme do governo federal  assumindo a responsabilidade do Estado brasileiro que doou os títulos da terra na colônia federal de Iguatemi. Sem essa indenização dificilmente haverá uma saída justa dos direitos indígenas à suas terras tradicionais.
Egon Heck
Povo Guarani, Grande Povo

 Cimi –  Brasilia, 25 de novembro de 201