Os rios são nosso sangue,
A água é sagrada
É nossa mãe
Queremos nossa
Floresta de pé,
Nossos rios limpos!
Estão matando a natureza,
Querem exterminar nós
filhos
Da terra e das águas
Mas nós Munduruku
Não vamos deixar,
Vamos fazer alianças
Com ribeirinhos, quilombolas, pescadores
Vamos lutar juntos,
Com outros países e povos!
As hidrelétricas, ferrovias, mineradoras,
A soja não vão passar,
Nosso sangue vamos derramar
Se for preciso, para o Tapajós
E todos os rios salvar!
Nesses termos Alessandra, liderança Munduruku do rio Tapajós
, denunciou com veemência o que o governo e as empresas estão fazendo no
território de seu povo, no Pará.
Querem nos matar de sede, de fome, com ódio querem exterminar
os povos originários dessa terra. Querem contaminar tudo, nossas terras, nossas
águas, nossas vidas. Mas nossos
guerreiros, nossos encantados e deuses, não vão permitir que isso aconteça.
Denunciamos esses projetos de morte e anunciamos nossa certeza de que isso não
vamos permitir. Convocamos todos para
uma grande união e luta mundial pela vida, contra o grande capital e seus projetos de morte.
Resistência e luta
Vamos organizar lutas concretas, desde nossas comunidades e
aldeias para impedir a continuidade e aprofundamento da destruição e
contaminação, das águas, contra a privatização galopante dos nossos aquíferos,
como o Guarani. Os participantes Kaiowá Guarani externaram suas preocupações
com a eminência do aquífero ser vendio às grandes corporações mundiais,
enquanto seus territórios continuam sem serem demarcados e protegidos.
Senhores do poder: Se desejarem aprofundar a destruição das
condições de vida em nosso planeta Terra, Gaia, contaminando nossos
territórios, terra água e ar, não esqueçam de deixar vossos caixões preparados,
pois terão os sete palmos de chão previstos para os crimes contra a humanidade.
Disso, tenham certeza, não escaparão!
Nesse sentido se expressaram ao sentimentos d revolta e indignação.
Enquanto o capitalismo selvagem se reconstrói no mar de lama
e sangue derramado pelo mundo afora, vai se gestando e construindo novos
caminhos e formas de luta e resistência. Brasília está, nestes dias, sendo a
capital mundial das águas para a morte (Forum
Mundial das águas, dos poderosos, grande capital e governos com sua gana
de privatizações, mercantilização e altos lucros) e para a vida (Fórum
Alternativo Mundial das Águas – FAMA.
São milhares de militantes de diversas partes do mundo e do
Brasil, que estão em Brasília para se unir ao grito e luta pelas nossas águas e
pela vida.
Também estão se somando a esse fundamental movimento
delegações indígenas e de populações tradicional de todas as regiões do país.
Os povos originários
estão preparando um dossiê e uma carta denúncia elencando as principais
violências a que estão submetidos a partir da destruição e negação de seus
territórios. No documento, que está sendo construído coletivamente, está sendo enfatizado a resistência secular e
atual e a disposição de se unirem aos
lutadores de todo o mundo para impedir a anunciada catástrofe mundial com a
continuidade desse sistema capitalista neoliberal que assola e destrói a vida
no planeta.
Um
mundo e um Brasil diferentes
Quase duas décadas depois da explosão de revolta e partilha
das experiências de luta por mudanças e transformações profundas expressas nos
Fóruns Sociais Mundiais, que tiveram
suas primeiras três edições realizadas em Porto Alegre, O Brasil é novamente palco
de grandes fóruns que oxigenam e trazem
esperança de que um outro mundo e Brasil são possíveis e urgentes. E os povos
originários estão presentes trazendo suas contribuições a partir de suas
sabedorias, religiosidade e cosmovisões e reafirma o que expressaram em seu
documento no Terceiro Fórum Social Mundial, em 2003 “Nunca mais um Brasil sem
nós os povos indígenas”.
No no FAMA duas denúncias fortes fizeram: As grandes
violências e ameaças dos grande projetos na Amazônia, denuncia feita em diferentes espaços pela
liderança do povo Mundurucu Alessandra.
Os Kaiowá , Guarani e Terena do Mato grosso do sul mais uma vez
denunciaram a não demarcação de seus território, fato esse que desencadeia um
mar de violência e mortes. Também ressaltaram
e denunciaram as intensões e as
tratativas oficiais para a privatização do Aquífero Guarani. Denúncia esta reforçada por expositores do
debate.
Representantes do Cimi nos debates das atividades
desenvolvidas na UNB – Universidade Nacional de Brasília e no Parque da cidade
denunciaram o genocídio anunciado sobre 120 comunidades/povos indígenas “isolados” (em isolamento voluntário ),
diante do avanço desenfreado de frentes de expansão do agronegócio, mineradoras
e madeireiras, nos espaços em que sobrevivem. A qualquer momento poderão ser
extintos. Com o agravante que a Funai sucateada e sem recursos tem desativado
postos de vigilância, conforme o general presidente de órgão, deixando ainda mais
vulneráveis. O Brasil é o país que tem maior número de povos “isolados” do
mundo A sobrevivência depende de ação urgentes e solidariedade nacional e
internacional
Egon Heck fotos
Laila/Cimi
Secretariado Cimi
Brasíslia, março de 2018