ATL 2017

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quarta-feira, 28 de março de 2018

Aguas de março – lutas e resistência dos Povos Indígenas



 Os rios são nosso sangue,
A água é sagrada
É nossa mãe
Queremos nossa
Floresta de pé,
Nossos rios limpos!
Estão matando a natureza,
Querem exterminar  nós filhos
Da terra e das águas
Mas nós Munduruku
Não vamos deixar,
Vamos fazer alianças
Com ribeirinhos, quilombolas, pescadores
Vamos lutar juntos,
Com outros países e povos!
As hidrelétricas, ferrovias, mineradoras,
A soja não vão passar,
Nosso sangue vamos derramar
Se for preciso, para o Tapajós
E todos os rios salvar!
Nesses termos Alessandra, liderança Munduruku do rio Tapajós , denunciou com veemência o que o governo e as empresas estão fazendo no território de seu povo, no Pará.
Querem nos matar de sede, de fome, com ódio querem exterminar os povos originários dessa terra. Querem contaminar tudo, nossas terras, nossas águas, nossas vidas.  Mas nossos guerreiros, nossos encantados e deuses, não vão permitir que isso aconteça. Denunciamos esses projetos de morte e anunciamos nossa certeza de que isso não vamos permitir. Convocamos todos  para uma grande união e luta mundial pela vida, contra o grande capital e seus  projetos de morte.

Resistência e luta


Vamos organizar lutas concretas, desde nossas comunidades e aldeias para impedir a continuidade e aprofundamento da destruição e contaminação, das águas, contra a privatização galopante dos nossos aquíferos, como o Guarani. Os participantes Kaiowá Guarani externaram suas preocupações com a eminência do aquífero ser vendio às grandes corporações mundiais, enquanto seus territórios continuam sem serem demarcados e protegidos.
Senhores do poder: Se desejarem aprofundar a destruição das condições de vida em nosso planeta Terra, Gaia, contaminando nossos territórios, terra água e ar, não esqueçam de deixar vossos caixões preparados, pois terão os sete palmos de chão previstos para os crimes contra a humanidade. Disso, tenham certeza, não escaparão!  Nesse sentido se expressaram ao sentimentos d revolta e indignação.
Enquanto o capitalismo selvagem se reconstrói no mar de lama e sangue derramado pelo mundo afora, vai se gestando e construindo novos caminhos e formas de luta e resistência. Brasília está, nestes dias, sendo a capital mundial das águas para a morte (Forum  Mundial das águas, dos poderosos, grande capital e governos com sua gana de privatizações, mercantilização e altos lucros) e para a vida (Fórum Alternativo Mundial das Águas – FAMA.
São milhares de militantes de diversas partes do mundo e do Brasil, que estão em Brasília para se unir ao grito e luta pelas nossas águas e pela vida.
Também estão se somando a esse fundamental movimento delegações indígenas e de populações tradicional de todas as regiões do país.
Os povos  originários estão preparando um dossiê e uma carta denúncia elencando as principais violências a que estão submetidos a partir da destruição e negação de seus territórios. No documento, que está sendo construído coletivamente,  está sendo enfatizado a resistência secular e atual e a disposição de se unirem  aos lutadores de todo o mundo para impedir a anunciada catástrofe mundial com a continuidade desse sistema capitalista neoliberal que assola e destrói a vida no planeta.

Um mundo e um Brasil diferentes


Quase duas décadas depois da explosão de revolta e partilha das experiências de luta por mudanças e transformações profundas expressas nos Fóruns Sociais Mundiais,  que tiveram suas primeiras três edições realizadas em Porto Alegre, O Brasil é novamente palco de grandes fóruns que oxigenam e  trazem esperança de que um outro mundo e Brasil são possíveis e urgentes. E os povos originários estão presentes trazendo suas contribuições a partir de suas sabedorias, religiosidade e cosmovisões e reafirma o que expressaram em seu documento no Terceiro Fórum Social Mundial, em 2003 “Nunca mais um Brasil sem nós os povos indígenas”.


No no FAMA duas denúncias fortes fizeram: As grandes violências e ameaças dos grande projetos na Amazônia,  denuncia feita em diferentes espaços pela liderança do povo Mundurucu Alessandra.  Os Kaiowá , Guarani e Terena do Mato grosso do sul mais uma vez denunciaram a não demarcação de seus território, fato esse que desencadeia um mar de violência e mortes. Também ressaltaram  e denunciaram   as intensões e as tratativas oficiais para a privatização do Aquífero Guarani.  Denúncia esta reforçada por expositores do debate.
Representantes do Cimi nos debates das atividades desenvolvidas na UNB – Universidade Nacional de Brasília e no Parque da cidade denunciaram o genocídio anunciado sobre 120 comunidades/povos indígenas  “isolados” (em isolamento voluntário ), diante do avanço desenfreado de frentes de expansão do agronegócio, mineradoras e madeireiras, nos espaços em que sobrevivem. A qualquer momento poderão ser extintos. Com o agravante que a Funai sucateada e sem recursos tem desativado postos de vigilância, conforme o general presidente de órgão, deixando ainda mais vulneráveis. O Brasil é o país que tem maior número de povos “isolados” do mundo A sobrevivência depende de ação urgentes e solidariedade nacional e internacional

Egon Heck  fotos Laila/Cimi
Secretariado Cimi
Brasíslia, março de 2018