ATL 2017

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sábado, 11 de janeiro de 2020

Indígenas do Tocantins dizem não à ditadura


 Uma delegação de mais de 40 lideranças dos povos Krahô e Xerente estiveram no mês de dezembro em Brasília fazendo graves denúncias junto a várias instituições e órgãos do governo.


A questão mais grave se refere às constantes invasões de seus territórios e saques dos recursos naturais.

Outra questão denunciada a vários órgãos e opinião pública, é a tentativa de repetição da famigerada Guarda Rural indígena, implantada durante a ditadura militar, num processo de militarização que esperávamos estar definitivamente enterrado. Em documento, manifestam sua indignação e repulsa a essa à insana tentativa de militarização da questão indígena.
“Durante a ditadura Militar, indígenas Krahô foram arrancados com violência do seu território para o presídio Krenak, em Minas Gerais, onde receberam treinamento militar e aulas de tortura. Ao retornarem ao território, praticaram diversas agressões aos seus parentes, e um assassinato envolvendo Guardas Rurais na aldeia Cachoeira. E isso já foi testado uma vez e não deu certo. Por isso não queremos que retorne. Reafirmamos a nossa autonomia e exigimos o respeito à nossa organização social. Nós lideranças indígenas continuaremos na luta em defesa do nosso território, das nossas águas e de nossas vidas e não queremos a criação de uma milícia indígena”.


Em audiência organizada pela deputada Joênia Wapixana e a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, Erika Kokay denunciou uma vez mais o etnocídio em curso onde o presidente da república tem acusado os povos indígenas, como inimigos da nação, estimulando com semelhante afirmação ainda mais violência contra os povos originários.

As lideranças estiveram em gabinetes de deputados denunciando as inúmeras violências a que estão submetidos e ao saque e invasões de seus territórios. Além disso, estão submetidos a constantes pulverizações aéreas de agrotóxicos sobre suas comunidades. “Exigimos respeito aos nossos povos e à mãe terra. Não queremos que a Constituição continue sendo rasgada e os nossos direitos violados. Dizemos não ao projeto MATOPIBA e suas ações de destruição. Não aceitaremos nossas águas e terras sendo envenenadas e destruídas. Não queremos a invasão de nossos territórios sendo invadidos e arrendados. Queremos viver em paz em nossos territórios, lá nós somos felizes. Somos contra a tese do Marco Temporal, pois essa tese afronta nossos direitos originários”. Esse clamor foi levado aos gabinetes de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal.


Na Funai entregaram um manifesto: “nossos direitos estão sendo ameaçados. Esse governo está retrocedendo nossos direitos originários. Queremos repudiar as últimas medidas da Funai contra os nossos direitos que estão garantidos na Constituição de 1988. A retirada da Funai das terras que ainda estão em processo de demarcação, é uma afronta ao nosso direito. Haverá o aumento de violência nos territórios. Quem será responsabilizado pelas possíveis mortes que haverá do nosso povo? Exigimos que a Funai reveja esse procedimento imediatamente. Nossos territórios do povo Xerente e Krahô estão sofrendo com desmatamento, venda ilegal de madeira, tráfico de animais, contaminação de agrotóxico, secagem dos rios. Exigimos providências para a fiscalização pela Secretaria de Segurança”.
Brasília final do ano de 2019
Egon Heck
Fotos Laila