ATL 2017

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Se eleito for




Enquanto  as urnas vão acariciando silenciosamente voto por voto, ponho-me a dialogar com meus botões, já envelhecidos e cansados da mesmice política a cada eleição.  A primeira constatação é obvia: tudo farinha do mesmo saco. Ou melhor, os que tem alguma chance de chegar ou permanecer no palácio do Planalto, rigorosamente propõem ou seguem a cartilha neoliberal, colonialista, ditatorial, eletista. Diante de tal cenário, a reação primeira seria de rejeição em bloco e não votar na falta de democracia.
Mas tem quase um milhão de brasileiros originários cuja situação é infinitamente pior. Além de sentir-se no direito do exercício da indignação terão que amargar mais quatro anos de vilipêndio sobre seus direitos constitucionais. O agronegócio cresce e se expande mais que erva daninha. São os povos indígenas  que primeiro e mais intensamente terão que arcar com as consequências nefastas, destruidoras, criminosas. Ele nada poupa.  Rasga o ventre da mãe terra e o enche de venenos, impunemente. Os  filhos originários da terra são agraciados com uma silenciosa guerra. Tudo acontece com a benção do sistema que covardemente insiste de chamar isso de progresso.
E se eleito for algum indígena, seja para Assembleia Legislativa estadual seja para o Congresso Nacional, cenário pouco provável,  mesmo assim terá sido o passo mais fácil, diante do hercúleo esforço que terão que fazer, em meio a um ambiente de cobras criadas, de cartas marcadas, de interesses consolidados.
Tenhamos a coragem e honestidade de pensar ,por uns instantes, no gigantesco desafio que terá   pela frente esse eventual eleito. Por mais que o movimento indígena tenha avançado e amadurecido, dificilmente não sucumbirá diante das presas sanguinolentas do monstro.
Apesar dos apesares “se eleito for” ninguém poderá fugir do pareo.  Que os céus conclamem todos os heróis e combatentes para cerrar fileira na defesa da vida e direitos dos povos indígenas.
O que será das nossas crianças?  Qual será o nosso futuro, a partir de amanhã?


Egon Heck
Dia de mais uma eleição

Cimi, secretariado

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