Quente. Calor
sufocante, fumaça das queimadas. Além disso, um clima de forte insegurança e
medo. Os organizadores e em especial o governo brasileiro, o Estado de
Tocantins e o município de Palmas , temem por qualquer coisa que possa
acontecer fora do script. Tem-se a impressão de que os jogos mundiais indígenas
acontecerão em espaço sitiado, fortemente vigiado. Quais seriam as razões de
tamanhos temores... É notória a crise e a instabilidade política e econômica
porque passa o país. Poderia ser esse um momento de positivamente dar mostras
ao povo brasileiro e ao mundo de que existem saídas sim e elas emergem de
projetos que vem do povo, das raízes plurais, das populações tradicionais, dos
povos indígenas originários, dos explorados do campo e da cidade. Populações as
quais o governo continua dando as costas, enquanto continua refém das elites
dominadoras desse país.
Fila dos
indignados
No dia de ontem continuaram os credenciamentos, em meio a
muita reclamação e confusão. Indígenas Pataxó do extremo Sul da Bahia, que
vieram em dois ônibus, um para participar dos jogos e outro para a feira do
artesanato, sendo estes últimos impedidos de se cadastrar e entrar para a feira
do artesanato indígena. Cenas de protesto e revolta por essas atitudes que os
Pataxó consideraram absurdas, pois vieram até aqui na promessa de que poderiam
participar da feira do artesanato.
Diante da desorganização e das longas filas para
credenciamento, indígenas entraram em contato com repórteres de um grande canal
de tv para denunciar a situação. Mas estes alegaram que não poderiam registrar
o fato, pois tinham determinações de que não poderiam divulgar nada que pudesse
denegrir a imagem dos jogos!
A propalada confraternização dos povos, por enquanto está
restrita entre as grades. Um forte esquema de segurança está montado para
impedir indígenas e outras pessoas de terem acesso às delegações indígenas
hospedadas nas ocas. No final do dia, uma indígena Avá Canoeiro divulgou
mensagem mostrando sua decepção por não poder se encontrar com parentes de
outros povos e outros países... Do outro lado da cerca, apenas conseguiu una
foto com um Pareci.
Monumento à insanidade. Já as árvores com raízes para o ar,
parecem simbolizar um desejo do agronegócio. É uma afronta aos povos indígenas
e suas raízes que resistirão aos projetos de morte!
Participação cai
quase pela metade
Conforme o Comitê Organizador dos Jogos, participarão 26
povos dos 46 anunciados e posteriormente
reduzidos a 43: “Muitos não conseguiram patrocínio para vir, mas não houve
prejuízo, esperávamos isso mesmo” (Conexão Tocantins 19/10/15).
É evidente que uma redução tão drástica de delegações e
povos participantes não é normal. É o sintoma da forma centralizada com que foi
conduzido o processo, sem uma participação efetiva dos povos indígenas e suas
organizações
Cimi Goto
Egon Heck , fotos: Laila Menezes
Palmas, 21/10/2015.
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