“Vamos dar continuidade à luta dos povos indígenas do Brasil
na defesa dos nossos direitos conquistados por nós na Constituição de 1988. Não
pensem os ruralistas e outros mais, que não somos capazes de lutar com todas as
nossas forças por aquilo que julgamos ser melhor para nossos povos e nosso
país. Não queremos que outros povos
passem o que nós do nordeste passamos nesses quinhentos anos. Contamos com a força dos encantados, dos seres de luz,
dos espíritos dos guerreiros, dos pajés e com todas as lideranças e lutadores
dos nossos povos”.
Viagem longa, cansativa. foram 36 horas de ônibus, van e
carro. Viemos de nossas terras no interior de Pernambuco. Somos guerreiros de 7
povos. Não queremos que outros povos passem o que nós passamos nestes
quinhentos anos.
Nas conversas com membros das delegações e nos debates de preparação das atividades desta
semana, senti as motivações e disposição das lideranças dessa semana de luta em Brasilia
“Nós do Mato Grosso, somos da região que nas últimas décadas
tem desencadeado uma guerra sistemática
contra nossas vidas, terras e recursos naturais. Hoje estamos entre os estados
mais agressivos e destruidores do meio ambiente e as populações e povos originários”.
“Nós do Xingu viemos também somar nessa luta porque todos os
povos indígenas estamos ameaçados por essa PEC 215 e políticas do Estado
brasileiro. Já fomos o cartão de visita de vários governos e da política indigenista, dos Irmãos Vilas
Boas. Nossa parque indígena foi
atravessado por estradas, trazendo muitos problemas para nossos povos.”
Nessa semana estamos todos juntos, somando forças, lutando
por um mesmo objetivo: contra a PEC 215,
contra a CPI da Funai e do Incra, contra a exploração e destruição da
Mãe Terra.
Esse é um momento histórico. Lutamos para ter nossos
direitos na Constituição. Agora querem massacrar e rasgar esses direitos? Enquanto tiver um índio de pé isso não vai
acontecer. Por isso estamos fazendo todos esses movimentos, para ver se amolece
o coração desses parlamentares e eles acabem com essa PEC, o Marco Temporal e outros projetos que querem
matar nossos povos. Vamos também aos gabinetes dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, para dizer que o Marco Temporal também é decreto de morte.
Que eles conheçam e sintam nossa dor e façam justiça que para nós é o
reconhecimento dos nossos territórios.
“Somos nós que vamos
defender nossos direitos, nós somos protagonistas de nossas lutas”.
O que se percebeu nesses últimos anos de luta contra a PEC e
outras iniciativas que pretendem tirar os direitos dos povos indígenas, é a
importância dos rituais e força dos espíritos e dos Encantados, nesses enfrentamentos tão
desiguais. Só povos com muita sabedoria e profunda espiritualidade são capazes
de fazer esse tipo de enfrentamento.
Egon Heck
Cimi Secretariado
Brasilia, 24 de novembro de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário