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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Os Kaiowá Guarani e as rezas sobre os nomes dos inimigos





O Brasil e o mundo estarão unidos aos Nhanderu e Nhandesi Kaiowá Guarani na luta pela vida e pela terra de Guyraroka e demais territórios indígenas ainda por demarcar. 




A enorme força espiritual dos Kaiowá Guarani se manifesta de várias maneiras, desde as rezas fortes dos Nhanderu, para que o sol se apague até as rezas que lhes permite penetrar no coração das pessoas para demovê-las de ações que atinjam ou neguem os seus direitos de viver em seus tekoha, territórios tradicional, originários, com paz os seus projetos de Bem Viver.

Os mais de 50 Kaiowá e Guarani que estiveram em Brasília para lutar pelos seus direitos, fizeram um dos rituais de reza sobre o nome de várias pessoas, especialmente as que estão fazendo e aprovando leis que vão contra a Constituição do país, no que diz respeito  aos direitos dos Povos Indígenas.

Simultaneamente uma tarefa da Polícia Federal agia no Mato Grosso do Sul. Prenderam o filho do governador Reinaldo Azambuja, PSDB, e o deputado Zé Teixeira, DEM, que reivindica como sua a terra do tekoha Guyraroka. Foram fazer companhia ao ex-governador André Pucinelli, que já está preso. Ele tem insistentemente se manifestado contra o direito dos índios a seus territórios. Dentre afirmações por ele feitas, uma diz que “é um crime dar um palmo de terra aos índios que não produzem”. Nessa mesma direção foram recentes declarações de Bolsonaro, que se eleito for, não demarcará um centímetro de terra para os índios.


Enquanto isso, os povos originários da região continuarão fazendo seus rituais e rezas, até que seus direitos seja garantidos.

Os Kaiowá Guarani continuarão rezando sobre os nomes de seus inimigos, na esperança de que terão suas terras reconhecidas e garantidas. Esse é um direito originário reconhecido na Constituição e legislação internacional da qual o Brasil é signatário.

Quem sabe, a recuperação de altas somas de recursos desviados possa ser canalizada para demarcar e garantir os territórios indígenas no Mato Grosso do Sul.
  
Durante a semana em Brasília, os indígenas também foram para a Advocacia-Geral da União (AGU), para entregar à Ministra documento pedindo imediata revogação do parecer 001, também, conhecido como parecer do genocídio.

Na quinta-feira, a delegação Kaiowá Guarani que esteve a semana em Brasília acabava de embarcar rumo às suas terras, retomadas e acampamentos. Alegria contagiante. Estavam leves, alegres, sorridentes. As vitorias e debates com vários setores da sociedade e do governo alimentaram os frágeis mas profundos e consistentes fios de esperança. Foi a expressão concreta do pacto que assumiram na recente Aty Guasu realizada na Terra Indígena Guyraroka. “Nosso povo já rezou junto e fizemos um pacto. Todos os Tekoha estão conectados e estarão juntos para defender com nossos corpos e nosso sangue os territórios que forem afetados pelo Marco Temporal, Parecer 001 da AGU ou outra ferramenta genocida contra nossos povos” (Carta da Aty Guasu de Guyraroka 24-08-2018).



Chegaram à capital federal ansiosos, pois além das lutas concretas de suas comunidades sentiam o peso da responsabilidade de darem continuidade às lutas  dos povos indígenas do Brasil, tendo como objetivo principal a não aprovação do Marco temporal, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A presença mais importante foi com os Ministros do STF, através de conversas e entrega de documentos nos gabinetes, solicitando a reversão da anulação da Terra Indígena Guyraroka e a participação dos índios nesse processo e em todos aqueles que tratam da questão indígena, conforme reza a Constituição. Fizeram muitos rituais antes e depois da retirada da plenária virtual do STF.

Estiveram também na Funai, Ministério da Saúde, Ministério da Educação (MEC) e Procuradoria Geral da República.


O Brasil e o mundo estarão unidos aos Nhanderu e Nhandesi Kaiowá Guarani na luta pela vida e pela terra de Guyraroka e demais territórios indígenas ainda por demarcar e garantir para os povos originários deste país e de América Abya Yala.

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